Acabou, agora acabou. Depois de meia dúzia, havia acabado o sofrimento dela. As batalhas, seja contra a dor ou contra o emaranhado de fios, cessaram. Justo ela, que me amou incondicionalmente, para quem eu era a coisa mais importante desse mundo. Essas coisas me aliviam um pouco agora, mas também é a grande fonte da minha dor.
Eu já tinha visto ela sofrendo antes, sofrendo de dor de mulher. Já tinha visto ela chorar antes, mesmo que baixinho, mas nunca com essa intensidade. Ela agüentou os maus tratos daquele homem por minha causa, porque não ia agüentar agora? Mas ela não agüentou. O pior é que eu sei que ela tentou, e tentou por mim, porque me amava.
E agora, que é o momento que eu mais preciso dela aqui, o que eu vou fazer? Sacudir até ela levantar? Gritar bem alto o nome dela para ver se ela acorda? Não, nada vai adiantar. O que eu posso fazer é sentir paz por ter feito de tudo, como ela teria feito comigo e ter correspondido o amor dela na medida do possível. Porque agora não tenho mais mãe, acabou.
