quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Menino Vadio

Elas eram amigas. Tinham quase a mesma idade, uma idade em que se é mulher há tempo suficiente para conhecer razoavelmente a vida, mas não tão mulher que se conheça tudo. E é nesse ponto em que as histórias delas coencidem de novo (sim, há muitas coencidências: escolheram a mesma profissão, sabem apreciar um bom vinho, conseguem passar do samba ao rock num piscar de olhos, etc): elas se encantaram por um menino. Não, não o mesmo menino, porque assim essa seria uma história trágica. Cada qual se encantam por um menino em especial.E eram especiais para elas.
É diferente se encantar por um menino quando se é menina do que quando se tem as experiências delas. Quando se é menina acha-se que aquele menino será seu para sempre. Na idade delas têm-se certeza que não. Quando se é menina encanta-se pela sua própria descoberta. Na idade delas encanta-se pela descoberta alheia. E esse encantamento vem acompanhado da lembrança do frescor de seus primeiros abraços, de quando era seguro se deixar envolver por completa, pois não havia o conhecimento de que o coração é um orgão que se quebra facilmente.
As amigas se encontraram e se reconheceram naquele mar de doçura. Os meninos eram tão diferentes um do outro, mas tão meninos... que suspiraram como forma de cumplicidade.
Elas sabiam que poderiam destruir a inocência de seus respectivos meninos, mas já tinham malandragem o suficiente para saber que a beleza dessa inocência é tão rara, que optaram por mante-la. Não, não combinaram isso de antemão, é o tipo de coisa que já está no código de conduta das semi-balzaquianas.
Eram duas, mas o encatamento era um só. E dividiam com Maria Bethania: http://www.youtube.com/watch?v=5FE0Ibbi9IA

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Coração Vagabundo



Daí a gente ama. Ama, ama, ama, como se fosse durar para sempre. Nada pode separar você do ser amado. Ser amado que devolve os seus carinhos, roça em você, se esfrega em você, dando a entender que está retribuindo o seu afeto.
Você compra brigas por ele/ela. Muda seus planos. Tudo só para ver aquela carinha feliz para você. Você muda sua vida por outrem.
Mas aí ele/ela sai sem dizer para onde e nem se volta. Você se desespera! Sabe da fragilidade daquele ser perante o mundo. Você chora. Chora por ele/ela ter te abandonado. Chora de dó pelo que pode acontecer a ele/ela. Sem ter o que fazer, você decide ir dormir. Quem sabe amanhã você já tenha esquecido esse/essa cafajeste.
Não é nem 07:00 da manhã de um dia de férias e ele/ela está no seu portão, gritando para quem quiser ouvir. Está todo/toda sujo/suja. De certo curtiu bem a noite. Mas você nem se importa; abre a porta e o/a recebe com um abraço. Você pensa em alguma forma de o/a fechar numa redoma, mas, não vale a pena. Ele/ ela foi e voltou por vontade própria. Não serão grades que iram segura-lo/segura-la. Afinal, ela/ela não pertence a você!

Farofa, não faça mais isso!